“À Teresa de Jesus Cabral”
Trarei teu nome gravado
Dentro do meu coração
Pois por ti só concebi
Amor, sincera afeição.
Estas linhas que escrevo
Só querem dizer “Maria”.
Delas só me esquecerei
Debaixo da campa fria.
Teresa de Jesus Cabral.
Maranhão, 22 de julho de 1856
***
“Um Anjo” (1863)
[poema reproduzido em forma de prosa][1]Voaste, meu anjo,
Qual nuvem de incenso,
Em gratos perfumes
Ao trono do Imenso.
Com risos assumes
Mais grados queixumes,
De quem te adorava,
Os campos, os prados,
De etéreas alturas!
Tu garça inocente,
Folgando contente,
Rival nos agrados
Aos anjos c’roados
Com as flores dos Céus,
Aos pés do Senhor,
Nas harpas mimosas,
Canções sonorosas…
Entoam ao seu Deus!…
Ó, desce um momento,
Meu anjo de amor,
E traz-me um sorriso
Que abrande o tormento
De meu coração!
Fragrância da flor
Do meu paraíso
Se infiltre em minh’alma
Frescura na calma,
Consolo à aflição.
Guimarães, […] 1863
***
“À Minha Amiga Terezinha de Jesus”
Pago-te em verso o que te devo em ouro
Beijar-te… ouvir-te a voz divina e pura
Mimosa criatura ― anjo de amor!
É gozo que extasia a minha alma
Como oásis na calma ― em longo error.
Mimo celeste que vieste ao mundo,
Ledo, jucundo [jovial] ― sedutor e santo!
Teu riso anima melindrosa fada
Por Deus mandada pra estancar meu pranto.
Não vieste, bela, a me inspirar poesia
Nessa harmonia de beleza, e canto?
Não sentes a alma que teu peito aninha,
Que a alma minha […] tributa […]?
Sabes, tu sabes que me[u] peito apuro
No afeto puro ― que te hei votado:
Que sonho extremo para ti ― ledices
Que de meiguices eu te hei cercado.
Mulher, encanto desta terra amena,
Visão serena ― ao despertar do dia,
Que em branca nuvem, com roupagem d’ouro
Desce; ― tesouro ― de imortal poesia.
Anjo que ao sopro matinal desprende
O voo: a [e] acende ― do turíb’lo o incenso
Que ondula brando derramando aroma
E ao trono assoma ― de Jeová incenso [?].
Ê meu empenho compreender teus cantos,
Que encerram encantos ― de celeste amor.
Sonho os mistérios devassar dos Céus
Anjo de Deus ― no teu mimoso odor.
Guimarães, 19 de novembro de 1865
***
“Poema em memória de Adelsom” (1883/4/5(?)
Dum funesto e triste engano
Foi a vítima inocente:
Foi triste rosa esfolhada
Sobre uma campa recente;
Sons plangentes de uma lira
Que […] de dor suspira.
Adeus meu doce anjinho, adeus Adelsom!
Águia nevada, remontando aos Céus;
Nunca da terra uma lembrança amarga,
Ledos folgares, ledos brincos [brincadeiras] teus.
Sem data
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“[Saudade] poema em memória de Guilhermina” (1884/5(?)
Descansas no sepulcro, irmã querida,
Filha do Céu, remonta à essência.
Descansa das fadigas desta vida;
Desta penosa, e ardida existência!
Sem data
(Fonte: A Arte Literária | Blog sobre a história da literatura e a literatura em geral – Sérgio Barcellos Ximenes – 04/12/2017)